sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pesquisadores brasileiros criam diagnóstico para síndrome do pânico

O gás carbônico (CO2) expelido durante a respiração pode ser uma ferramenta para o diagnóstico e o tratamento do transtorno do pânico, mal que atinge cerca de 3% da população mundial. É o que estão demonstrando pesquisadores dos institutos de Psiquiatria e de Biofísica Carlos Chagas Filho, ambos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O estudo conduzido na UFRJ inclui um exame de fácil e rápida aplicação. O paciente inspira, por poucos segundos, uma mistura gasosa com CO2 e O2 (oxigênio), sob acompanhamento médico.

"O teste não provoca alterações em indivíduos que não têm o transtorno do pânico, mas os pacientes que apresentam o mal se referem a sintomas parecidos àqueles vivenciados durante o ataque de pânico", explica Walter Zin, diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.

"As inalações com a mistura de CO2 permitem diferenciar claramente indivíduos com transtorno de pânico daqueles que não o têm", afirma Antonio Egidio Nardi, do Instituto de Psiquiatria, outro responsável pelo estudo.

A eficácia do teste fica entre 80% e 90%. Atualmente, o diagnóstico do transtorno é feito na clínica apenas por meio de exames psiquiátricos, com base nos sintomas. O teste da UFRJ pode ser mais um instrumento para garantir a detecção precisa do mal.

"O exame com mistura de CO2 ganhou uma aceitação maior, em detrimento de outros testes existentes para provocar pânico em laboratório, porque é não-invasivo e simples. Os outros, em geral, pressupõem a injeção de substâncias nas veias que podem ter efeitos colaterais", diz Nardi.

Como outras doenças mentais, ainda não se conhecem, de maneira clara, as causas do transtorno do pânico. Acredita-se que haja um fator hereditário. De fato, sobem de 3% para 25% as chances de uma pessoa apresentar o mal quando tem familiares próximos com a doença.

Sabe-se também que há uma associação entre o transtorno do pânico e a respiração. Os pesquisadores da UFRJ estão se dedicando a entender melhor essa relação: "O estudo mais direcionado do controle da ventilação [respiração] poderá fornecer subsídios importantes para a compreensão da gênese dos ataques de pânico", afirma Zin.

Grécia Antiga

O transtorno do pânico não é uma doença característica só da modernidade. Diz a etimologia que o nome "pânico" vem de Pã, deus grego muito feio e brincalhão. Uma de suas brincadeiras era dar sustos nos viajantes que circulavam pelas estradas da Grécia. Um dos locais mais prováveis para o deus pregar suas peças era em frente ao seu templo, onde ficava a praça do mercado.

Para não tomar um susto, as pessoas tentavam ao máximo evitar a ida às compras. Como a praça do mercado é chamada em grego de "ágora", a situação ficou conhecida como "agorafobia".



Fonte: Folha On Line

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