quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Crises de pânico levam pessoas a ficar meses sem sair de casa

A síndrome do pânico é causada por um desequilíbrio químico no cérebro, no qual é interrompida a captação da serotonina, um neurotransmissor responsável pelo bem estar. Isso dispara a produção de outro neurotransmissor, a noradrenalina, o que provoca os sintomas como palpitações, calafrios, náuseas e desmaios. A psicóloga Míriam Bernardino Campos afirma que os sintomas físicos são muito fortes e que, por causa da taquicardia, muitas pessoas acham que estão tendo um enfarte.

"Nosso corpo vai mandando e-mails. Se você não percebe, eles vêm com mais frequência. Todo sintoma é uma chamada: acorde para a vida. Nós somos formados por vários corpos interagindo: o físico, o mental e o espiritual. Cada um necessita de cuidados diferentes."

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Luiz Alberto Hetem, o diagnóstico da síndrome do pânico é fundamentalmente clínico, com base na história do paciente e nos sintomas. Exames complementares, como neuroimagem, EEG, ECG e exames laboratoriais, são feitos somente para descartar a possibilidade de base orgânica nos casos suspeitos.

Crises

"Você tem medo de estar com algo grave. Você sente falta de ar, pensa que vai morrer enforcada. É um momento limite."

As crises podem durar poucos minutos ou até mais de uma hora. No entanto, na tentativa de evitar que os sintomas se repitam, a pessoa com pânico pode ficar meses ou até anos sem sair de casa. Como não é possível prever quando vai surgir outra crise, ela acaba sofrendo uma ansiedade antecipatória: o paciente fica com medo dos sintomas aparecerem a qualquer momento e numa situação indesejável, como em elevadores, no trabalho ou no trânsito. Para a psicóloga Míriam, com as crises, o paciente percebe que perdeu o controle, pois elas surgem independentemente da vontade dele:

"Crises vêm e vão. É isso que a pessoa precisa entender. É como uma onda no mar. São pontuais e te pegam desprevenido."

Tratamento

O trabalho conjunto de um médico psiquiatra e de um psicólogo é aconselhável por permitir uma abordagem mais completa do caso. Segundo ele, existem medicamentos que bloqueiam as crises de pânico por interferirem nos mecanismos biológicos subjacentes. Já a psicóloga Míriam revela que a primeira coisa que procura fazer com seus pacientes é estimular a atividade física para que o corpo produza endorfinas, substâncias que estimulam a sensação de bem estar.

Preconceito

Muitos pacientes sentem vergonha de falar do problema, pois nunca se sabe como o outro vai reagir:

"Deveria ser feito um trabalho de conscientização para que as pessoas tenham mais respeito pelo o que o outro está sentindo. Os pacientes com pânico sentem medo de ser estigmatizados."

Leia a excelente matéria na íntegra aqui.

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