O estudo conduzido na UFRJ inclui um exame de fácil e rápida aplicação. O paciente inspira, por poucos segundos, uma mistura gasosa com CO2 e O
"O teste não provoca alterações em indivíduos que não têm o transtorno do pânico, mas os pacientes que apresentam o mal se referem a sintomas parecidos àqueles vivenciados durante o ataque de pânico", explica Walter Zin, diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.
"As inalações com a mistura de CO2 permitem diferenciar claramente indivíduos com transtorno de pânico daqueles que não o têm", afirma Antonio Egidio Nardi, do Instituto de Psiquiatria, outro responsável pelo estudo.
"O exame com mistura de CO2 ganhou uma aceitação maior, em detrimento de outros testes existentes para provocar pânico em laboratório, porque é não-invasivo e simples. Os outros, em geral, pressupõem a injeção de substâncias nas veias que podem ter efeitos colaterais", diz Nardi.
Como outras doenças mentais, ainda não se conhecem, de maneira clara, as causas do transtorno do pânico. Acredita-se que haja um fator hereditário. De fato, sobem de 3% para 25% as chances de uma pessoa apresentar o mal quando tem familiares próximos com a doença.
Sabe-se também que há uma associação entre o transtorno do pânico e a respiração. Os pesquisadores da UFRJ estão se dedicando a entender melhor essa relação: "O estudo mais direcionado do controle da ventilação [respiração] poderá fornecer subsídios importantes para a compreensão da gênese dos ataques de pânico", afirma Zin.
Grécia Antiga
O transtorno do pânico não é uma doença característica só da modernidade. Diz a etimologia que o nome "pânico" vem de Pã, deus grego muito feio e brincalhão. Uma de suas brincadeiras era dar sustos nos viajantes que circulavam pelas estradas da Grécia. Um dos locais mais prováveis para o deus pregar suas peças era em frente ao seu templo, onde ficava a praça do mercado.
Para não tomar um susto, as pessoas tentavam ao máximo evitar a ida às compras. Como a praça do mercado é chamada em grego de "ágora", a situação ficou conhecida como "agorafobia".